Postado 24 de junho de 2020 em Saúde, Todos por Andreo
Segundo o famoso ditado popular “água e óleo não se misturam”, mas, por que será que isso acontece? Neste artigo, vamos explicar as razões para esse fenômeno natural ligado à água que gera muita curiosidade em todo mundo.
A água é conhecida como solvente universal porque uma grande quantidade de substâncias consegue ser dissolvida nela. Mas, para algumas substâncias, como o óleo e o azeite, por exemplo, isso não ocorre.
Essas misturas heterogêneas são chamadas líquidos imiscíveis: misturas que apresentam duas ou mais fases, em que os componentes da mistura são perceptíveis.
Ao encher um copo de água e colocar óleo, eles não se misturam, e é possível distinguir claramente uma camada da outra. Formam-se duas fases, sendo que o óleo fica na parte de cima, já que é menos denso que a água.
Por isso, o óleo e outras substâncias que se comportam da mesma forma são chamadas de hidrofóbicas. A origem dessa palavra vem de “hidro”, que significa água e “fobia”, que remete ao “medo”.
À primeira vista, esta palavra passa a ideia de que as moléculas de água e de óleo se repelem mutuamente. Mas, isto não é exatamente verdade, porque as moléculas de óleo se atraem mais com as de água do que com as suas próprias moléculas.
Isso pode ser visto se compararmos o formato de uma gota de óleo na água e uma gota de óleo em contato com o ar. Em contato com o ar, as moléculas de óleo tendem a ficar num formato esférico, pois terão uma menor área de
superfície. Ou seja, um menor número de moléculas de óleo em contato com o ar. Já na água, a gota de óleo se espalha sobre toda a superfície, aumentando a superfície de contato com a água.
Em conclusão, apenas dizer que o óleo tem aversão à água não explica o real motivo deles não se misturarem.
Da mesma forma, existe uma outra explicação para este fenômeno, que está ligada à polaridade das substâncias. Ela sugere que a água é polar e o óleo é apolar e, dessa forma, por apresentarem essa diferença de polaridade, eles não se misturam.
É fato que substâncias apolares e polares se dissolvem melhor entre si, mas essa não é uma regra generalizada. Existem também solutos apolares que se dissolvem bem em solventes polares e vice-versa. Assim, para entender o que impede a mistura dessas substâncias, precisamos analisar 3 pontos importantes.
A intensidade das interações entre as moléculas de óleo, as interações entre as moléculas de água e as interações formadas entre as moléculas de óleo e de água.
As ligações entre as moléculas dos ácidos graxos que formam a o óleo são menos fortes do que as que ligam as moléculas de H2O. Isso faz com que a substância ser menos densa do que a água. Existe ainda outra explicação para esse fato, baseada na segunda lei da termodinâmica.
Segundo ela, os fenômenos naturais espontâneos tendem a atingir o estado estatisticamente mais provável, que é o estado de entropia máxima. Assim, a entropia da mistura água e óleo não é a máxima, ela diminui em vez de aumentar.
Para entender essa última explicação, pense, por exemplo, no caso de abrirmos um frasco de perfume. O estado de entropia máximo é atingido quando o perfume evapora, um fenômeno natural espontâneo, sendo que o contrário não é.
Portanto, a mistura de água e óleo seria tão improvável como, espontaneamente, o perfume difundido no ar condensar-se e voltar ao interior do frasco.
Apesar de água e óleo não serem uma mistura natural, as duas substâncias podem ser “forçadas” a cooperar uma com a outra.
Um exemplo disso são alguns molhos para salada, que são feitos principalmente à base de azeite e vinagre. A substância formada consiste em uma mistura de água com ácido acético.
Para que o azeite e o vinagre fiquem temporariamente mesclados, é necessário quebrar o óleo em pequenas gotículas, e depois adicionar um emulsificante.
Uma variedade dessa substância é a lecitina (encontrada nas gemas dos ovos), que, além de ser hidrofóbica, é também hidrofílica.
Isso quer dizer que ela possui afinidade tanto com as moléculas de óleo como com as de água.
Enfim, se as gotinhas de óleo forem pequenas e se disseminarem muito bem na mistura (que deve conter emulsificante), água e óleo se combinam.
Um novo estudo sugere que algumas moléculas oleosas – que repelem a água – podem ser forçadas a dissolver-se nela se colocadas sob pressão extrema.
Como experimento, os pesquisadores aplicaram alta pressão a pequenos recipientes cheios de água e metano. Isso criou condições semelhantes à intensa pressão encontrada no fundo do oceano ou dentro dos planetas urano e netuno.
Ao comprimir água e metano juntos, os cientistas conseguiram obter informações sobre como os produtos químicos interagem.
O metano é frequentemente usado em experimentos que estudam as propriedades de substâncias hidrofóbicas.
Muito legal, não é? Depois dessa viagem às aulas de química, esperamos que tenham aprendido mais essa curiosidade sobre a água.