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Impactos da crise hídrica: o que pode acontecer?

impactos da crise hídrica

Quando pensamos nos impactos da crise hídrica mundial, tudo parece muito distante. Talvez não passe pela nossa cabeça que a água, tão essencial, possa acabar um dia. Porém, deveríamos pensar mais nisso.

Afinal, o que pode acontecer se ela um dia acabar? Por que estamos caminhando para uma situação difícil? O que podemos fazer para melhorar? 

Definitivamente, muita coisa iria mudar. Dos atos mais simples do dia a dia, como escovar os dentes, à políticas públicas de abastecimento. 

Os males da vida moderna e o imenso desperdício já trouxeram muitos impactos da crise hídrica. Países que já sofrem com escassez de água e fontes naturais que secaram. Ainda mais preocupante é pensar que a desidratação pode ser muito mais fatal que a fome.

Primeiramente, vamos entender melhor o que é a crise hídrica e por que chegamos a este ponto?

O que causa a crise hídrica?

Antes de mais nada, é importante fazer uma distinção: “seca” e “crise hídrica” não são a mesma coisa.

Entende-se por seca um período com escassez de chuvas, que abrange extensas regiões e possui longas durações. A crise hídrica, por outro lado, é a incapacidade de suprir a crescente demanda por água. Daqui, já podemos concluir que os impactos da crise hídrica são muito mais preocupantes.

Você pode pensar que há muita água ainda disponível no mundo, mas há cada vez mais pessoas também. Pioramos ainda mais a situação ao desperdiçar água e gerando mudanças climáticas que afetam o meio ambiente. Os recursos disponíveis na natureza não são capazes de suprir esta demanda. 

As causas mais comuns para a crise hídrica, tanto no mundo quanto no Brasil, são:

  • desperdício de água;
  • diminuição do nível de chuvas;
  • crescimento populacional, industrial e da agricultura.
  • urbanização;
  • desigualdade social;
  • pobreza;
  • falta de acesso à educação e ao trabalho.

Só para você ter uma ideia, no séc. XX, o consumo de água aumentou em 6 vezes. Isso é o dobro do crescimento da população. Logo, não há água disponível para todas as pessoas, indústria, agropecuária, etc. 

Ao todo, mais de 30 países já enfrentam escassez crônica de água. Infelizmente, a previsão é de que o problema passe a afetar 2x mais países e 3,5 bilhões de pessoas.

A desigualdade social e a falta de usos sustentáveis dos recursos naturais agravam os impactos da crise hídrica. De acordo com relatórios apresentados pela ONU, fica claro que controlar o uso da água está diretamente ligado ao poder.

Nos países do continente Africano, a média de consumo de água por pessoa é de 10 a 15 litros/pessoa. Por outro lado, em Nova York, um cidadão chega a gastar 2 mil litros/dia. Entendeu a diferença?

Dados da escassez

 

Segundo a Unicef, menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema está relacionado a 80% das doenças e mortes.

A meta de que todos os habitantes tenham acesso à água potável enfrenta muitos desafios. Entre os principais, os já citados: crescimento populacional, consumo da indústria, bem como da agropecuária.

A agropecuária é responsável por 69% da retirada anual de água no mundo. As residências particulares respondem por 12% e a indústria (incluindo a geração de energia), por 19%. Com uso tão intenso deste recurso, os impactos da crise hídrica já são percebidos em vários lugares.

De acordo com as estimativas, mais de 50 países já sofrem estresse hídrico, entre 25% e acima de 70%. Apenas 24% da população da África Subsaariana têm acesso a bons serviços de água potável

Na Ásia, 29 países foram categorizados como não seguros, devido ao uso excessivo de águas subterrâneas, muitas vezes poluídas. Na Europa, especialmente no Leste Europeu, 57 milhões de pessoas não têm acesso à água encanada em casa. Da mesma forma, no Caribe e na América Latina, apenas 22% da população têm acesso ao saneamento básico de qualidade. 

O Brasil é um grande detentor da água doce do planeta: 12% estão no nosso território. Por outro lado, temos apenas 5% da população morando na região que comporta a maior disponibilidade de água. Além disso, desperdiçamos muito: quase 40% de toda água captada. 

A falta do uso consciente e sustentável dos recursos só compromete os impactos da crise hídrica em todo o mundo. Assim, obter água potável torna-se um desafio cada vez maior. 

Mas, afinal, o que aconteceria se a água realmente acabasse?

Principais impactos da crise hídrica

Primeiramente, vamos pensar na questão ambiental. Em diversas regiões do mundo, já podemos ver o desaparecimento de rios e nascentes, escassez e poluição das águas.

Da mesma forma, a escassez prejudica o abastecimento em todos os setores da economia (agropecuária, industrial e até o turismo).

Pensando que daqui a poucas décadas a água potável pode acabar, a nossa vida mudaria por completo. Sabe aquele banho de todos os dias? Esqueça. A água seria racionada e com volume controlado. Faltariam alimentos básicos como arroz, feijão, milho, soja e, claro, carne. 

Nas grandes metrópoles, a vida seria ainda mais difícil. Seus habitantes poderão sofrer com altos preços ou com a falta completa de água.

Talvez seja muito pessimista imaginar os piores impactos da crise hídrica, mas não é impossível que aconteçam. A água poderia virar um artigo de luxo e um elemento de disputas. 

4 possíveis impactos da crise hídrica

 

Desertificação

Além de matar a nossa sede, a água hidrata e nutre o solo, tornando-o fértil. Logo, sem ela, os solos seriam desertificados e impróprios para o plantio de alimentos. Em pouco tempo, a escassez de água se tornaria também a escassez de comida.

Guerras hídricas

Neste cenário, a água seria controlada pelos governos. Ou seja, o consumo seria monitorado e limitado. Assim também, existiriam conflitos entre nações pelo controle da água potável no mundo, e fora dele. Muitos países já estão em busca de água doce em outros planetas.

Crises

O mais evidente dos impactos da crise hídrica é a falta de abastecimento em algumas regiões. À medida que a escassez piora, mais e mais cidades ficarão sem água em seus reservatórios. 

Degelo

Estima-se que 68,7% da água potável disponível está em calotas polares ou geleiras. O aquecimento global ocasionou o degelo, facilitando o acesso à essa água. O derretimento das geleiras já originou rios na Índia e no Nepal . Por outro lado, as geleiras são finitas e podem evaporar daqui a alguns anos. Do mesmo modo, qualquer alteração neste habitat prejudica todo um ecossistema. 

O que pode ser feito para prevenir tudo isso?

Antes de mais nada, o ideal é inibir os maiores impactos da crise hídrica de acontecerem. Queremos prevenir e não remediar. A curto prazo, é possível incentivar o uso consciente do recurso, especialmente na esfera governamental. Adotar o amplo uso da água de reuso seria uma ótima opção. 

Para que este plano funcione, é preciso investir no tratamento dos esgotos domésticos, que forneceriam água para a indústria. Assim, a água fresca seria utilizada para abastecer apenas a população.

Definitivamente, os governos devem planejar políticas populacionais juntamente com o abastecimento de água. Aumentar a eficiência e a produtividade hídrica são prioridades mundiais. Estas são medidas reais para diminuir os impactos da crise hídrica.

Existem também algumas alternativas que parecem surreais, mas que já estão em curso. Outras, poderiam ser implantadas num cenário futurista. Confira:

Ar transformado em água

Grandes coletores de ar, que condensam a água na atmosfera, já existem e foram testados em desertos. Por outro lado, podem causar desde problemas pulmonares à desertificação. 

Até a urina vale

Desde 2008, os astronautas bebem água graças a um equipamento que recicla suor e urina. Daqui a algumas décadas, é possível que esse método se popularize. Da mesma forma, poderemos ter o amplo uso doméstico da água de reúso. 

Corrida da dessalinização

As nações com muitos aquíferos ou que investiram pesado na dessalinização serão grandes potências. Apesar de uma solução possível, a dessalinização gasta muita energia e traz um grande risco. Segundo a ONG WWF, este processo ameaça a vida marítima nas regiões costeiras.

Enfim, diante de um cenário preocupante, temos que agir para reduzir os impactos da crise hídrica. Exerça seu papel de cidadão e cobre políticas públicas que façam bom uso deste recurso. E, claro, faça uso sempre consciente da água, todos os dias!